Longevidade: como o design pode empoderar pessoas que vivem com demência

Longevidade: como o design pode empoderar pessoas que vivem com demência

Com o avanço da longevidade e a mudança no perfil demográfico brasileiro, repensar desde já a forma como são projetados os espaços em que vivemos, trabalhamos e cuidamos uns dos outros é imprescindível. A demência, síndrome que afeta funções cognitivas essenciais, já impacta milhões de pessoas no mundo e tende a se tornar cada vez mais presente na sociedade.

Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde no final de 2024 apontou que 8,5% dos brasileiros com 60 anos ou mais já vivem com alguma das limitações cognitivas associadas à demência. Com o envelhecimento acelerado da população, a projeção é que o número de idosos diagnosticados passe dos atuais 1,8 milhão para impressionantes 5,7 milhões até 2050

Esse cenário obviamente representa um grande desafio para o já sobrecarregado sistema de saúde pública, mas ao contrário do que se imagina, preparar clínicas e hospitais para essa demanda crescente por assistência é só a ponta do iceberg: todos os ambientes que acolhem idosos, sobretudo aqueles com diagnóstico de demência, precisam ser pensados de uma maneira diferente e, neste post do Blog da Tarkett, vamos explicar o porquê. Vem com a gente:

 

A demência impacto no cotidiano

 

Ao contrário do que normalmente se propaga sobre a demência, essa síndrome não se resume Là perda de memória. Ela afeta o sistema cognitivo como um todo, alterando gradativamente a forma como a pessoa percebe, interpreta e interage com as pessoas e principalmente com o ambiente ao seu redor.

Dificuldades para perceber a profundidade dos ambientes, interpretar sombras corretamente, distinguir contrastes entre corres ou identificar objetos tridimensionais são comuns. Tudo isso pode transformar tarefas tidas como simples — como caminhar, localizar um quarto ou reconhecer um móvel ao caminhar — em experiências de ansiedade, insegurança e desorientação, além do risco evidente de acidentes domésticos, como as temidas quedas.

Além disso, estímulos visuais complexos, padrões muito marcados, cores ou contrastes inadequados podem gerar confusão ou provocar comportamentos imprevisíveis. Muitas dessas reações, muitas vezes atribuídas apenas ao quadro clínico, são na verdade respostas diretas ao ambiente em que estão expostos – e isso nem sempre está claro quem projeta, convive e cuida de pessoas nessa situação, tornando a rotina de cuidado um processo estressante e desgastante para todos os envolvidos.

Em outras palavras: o planejamento do espaço físico é uma parte ativa do cuidado tão importante quando monitorar os indicadores de saúde ou tomar os medicamentos na hora certa.

 

Por que precisamos incluir o design e a arquitetura nesta discussão?

 

Infelizmente, a maioria dos ambientes ainda são projetados sob o ponto de vista de uma pessoa saudável. Isso significa que detalhes fundamentais — invisíveis para nós, mas decisivos para quem vive com demência — podem passar despercebidos.

As escolhas não podem partir de um parâmetro puramente estético, afinal, texturas brilhantes podem ser interpretadas como superfícies molhadas, padrões amadeirados com nós podem ser percebidos como buracos, tons muito escuros podem parecer vazios, pisos sem contraste suficiente confundem a leitura espacial. Tudo isso dificulta a mobilidade, aumenta o estresse e fragiliza a independência e gera insegurança, o medo de cair novamente e a ansiedade derivada dessas dificuldades comprometem autonomia, autoestima e rotina.

Por isso, repensar o design é também repensar o cuidado.

 

Projetar ambientes com empatia 

 

Criar espaços amigáveis para pessoas com demência envolve empatia, sensibilidade e conhecimento técnico. A escolha de cores, contrastes, padronagens, iluminação e acabamentos tem impacto direto na segurança emocional e na autonomia.

Entre os princípios essenciais estão, destacamos:

  • Contraste como ferramenta de orientação

O uso adequado do valor de refletância de luz (LRV) ajuda a criar pistas visuais. Diferenças superiores a 30 pontos entre piso e parede facilitam a identificação dos limites do ambiente; contrastes suaves — menos de 10 pontos — suavizam transições entre cômodos.

  • Padrões simples, superfícies uniformes

Pisos com desenhos complexos, nós aparentes ou veios muito marcados podem ser mal interpretados por pessoas com demência. Designs discretos oferecem mais conforto visual e reduzem a sensação de incerteza.

  • Acabamentos foscos

Superfícies brilhantes podem ser percebidas como escorregadias ou molhadas. Acabamentos foscos ampliam a sensação de segurança.

  • Cores que conversam com o envelhecimento dos olhos

Com o avanço da idade, tons quentes ficam menos vibrantes e a distinção entre azuis e verdes se torna mais difícil. Contrastes bem planejados garantem melhor compreensão do espaço.

  • Iluminação uniforme e confortável

Pessoas idosas precisam de duas a três vezes mais luz para enxergar bem. Evitar áreas muito escuras ou sombras intensas melhora a leitura do ambiente e reduz o risco de quedas.

 

Esses detalhes — que podem parecer pequenos ou supérfluos para pessoas saudáveis — transformam profundamente a experiência das pessoas com demência, permitindo que se movimentem com maior autonomia, compreensão e tranquilidade.

 

O compromisso da Tarkett com ambientes mais humanos e sustentáveis

 

Ciente da importância do design no cuidado e na dignidade das pessoas que vivem com demência, nós nos empenhamos em certificar cores específicas do nosso portfólio visando esse perfil de especificação.

Esses produtos foram avaliados e reconhecidos pelo Dementia Services Development Centre (DSDC), da Universidade de Stirling no Reino Unido, uma das referências globais na criação de ambientes amigáveis para pessoas com demência.

A certificação classifica pisos conforme sua adequação a esse público — e os designs da Tarkett alcançam as categorias mais altas, 1a e 1b, que representam superfícies seguras, com padrões discretos, contrastes adequados e excelente desempenho na orientação espacial.Vale destacar que há seis  opções na paleta de cores da linha iQ Granit  que são certificadas para especificação de espaços amigáveis à demência, ajudando a promover o bem-estar. 

Além disso, a empresa preparou um guia completo de design para ambientes de cuidado à demência, desenvolvido especialmente para arquitetos, designers e gestores, reunindo recomendações técnicas, insights práticos e boas práticas para criar espaços que acolham com respeito e empatia. Para aprofundar o tema e acessar orientações detalhadas, CLIQUE AQUI e baixe o material completo!

Design, arquitetura e revestimentos não são apenas escolhas estéticas: são decisões que moldam experiências, emoções e possibilidades. O envelhecimento da população exige respostas novas — mais humanas, mais sensíveis e mais conscientes. Quando os lugares são projetados com empatia, amplia-se sua autonomia, reforça sua dignidade e facilita o trabalho de quem acompanha e cuida diariamente.

E você? Já tinha ouvido falar sobre algum desses pontos antes de chegar até aqui? Se alguma informação mudou a maneira como você enxerga o tema ou se ainda ficou alguma dúvida, fique à vontade para compartilhar nos comentários — ou conversar com a gente também no Instagram @tarkettbrasil.

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